Educação médica continuada visa à qualificação do profissional e à constante reciclagem das informações científicas. Nesse processo, a atualização pedagógica dos médicos que transmitem o conhecimento também não pode ficar de fora.
Estimativas indicam que há mais de 3 bilhões de páginas disponíveis na Internet. Ao focar o conteúdo técnico, são mais de 100 mil revistas científicas circulando pelo planeta. A produção de informações aumentou nos últimos anos e, nesse contexto, o profissional médico precisa buscar informações para manter-se sempre atualizado. Filtrar programas de educação médica continuada reconhecidos, grau de evidência científica e credibilidade da fonte fazem parte de uma jornada cíclica que inicia e termina a cada cinco anos, com a acreditação do Certificado de Atualização Profissional.
Desde 2005, a Associação Médica Brasileira (AMB) administra a Comissão Nacional de Acreditação (CNA), com o objetivo de incentivar a atualização profissional por meio da validação dos títulos de especialistas e certificados de áreas de atuação. A métrica de avaliação é um sistema de créditos pontuando de acordo com a participação em eventos, como congressos, jornadas, simpósios e cursos, atuação científica, que contempla desde a publicação de um artigo ou livro até a participação como conferencista, além de atividades acadêmicas, sejam elas mestrado, doutorado, a participação em banca ou a coordenação de programas de residência médica.
Em entrevista ao portal da CNA, o secretário-geral da AMB e membro da CNA, Aldemir Humberto Soares, afirma que a principal função do certificado é fazer com que o médico se atualize, reciclando-se profissionalmente. “Entendemos que esta não é a única maneira de preparar melhor o médico, porém integra um conjunto de medidas que podem suprir uma adequada formação profissional”, expõe Soares. Desde então, a Educação Médica Continuada (EMC) ganhou ainda mais destaque, tendo a própria AMB criado, em 2006, o Programa de Educação Continuada, oferecido pela Internet gratuitamente.
Para o especialista em Clínica Médica Carlos Roberto Seara Filho, coordenador do Programa de Educação Médica Continuada da Associação Catarinense de Medicina (ACM) e secretário da Sociedade Brasileira de Clínica Médica Regional de Santa Catarina, os cursos a distância apresentam algumas vantagens, como redução de custos com deslocamento e hospedagem, porém inviabilizam a discussão frente a frente. “Ainda assim são válidos, pois estimulam o profissional médico a estudar e atualizar-se. É difícil avaliar se o aluno cumprirá as metas, se respondeu ao questionário de avaliação dando uma ‘coladinha’ para pontuar, mas ainda assim é melhor do que ficar alheio à realidade dele”, explica.
Responsável pela coordenação de um programa anual com seis módulos de 10 horas/aula cada um, o clínico médico comenta o desconhecimento pedagógico dos médicos que ministram as aulas – questão recorrente na discussão do processo educativo dos profissionais médicos. “O médico transmite seus conhecimentos, mas não recebe preparação pedagógica durante sua formação na universidade para seguir a carreira de professor. No caso das instituições de ensino públicas, existem concursos e planos de carreira, mas as privadas contam com profissionais que gostam de dar aula e, em alguns casos, buscam especialização pedagógica”, conclui Seara, evidenciando que, além da constante atualização do profissional que atende a população, é importante investir na atualização pedagógica do profissional que está à frente da educação.